Começa pelo seguinte: tem história e identidade - e as duas coisas se entrelaçam. Pra quem não sabe, foi lançada no final dos anos 60 nos Estados Unidos, e desde então repercute e discute a cultura popular a nível internacional. O epicentro é a música, mas as ramificações são inúmeras: cinema, televisão, moda, política, literatura, comportamento. A revista foi referência para a contracultura e toda uma geração de músicos que ascendeu publicamente durante aquela época. Para uma banda de rock em plenos anos 70, sair na capa da
RS era como que elevar-se a um novo patamar - o filme
Quase Famosos, do Cameron Crowe, mostra precisamente isso.
Talvez seja essa história que tenha permitido a revista encontrar uma identidade que a engrandece até hoje. A capa, sobre a qual falava há pouco, é um dos traços identitários mais fortes. A imagem é sempre uma frontal de uma figura popular tarimbada. No Brasil, onde é produzida uma versão que circula há alguns anos, já saíram cliques impagáveis: Grazi Massafera com uma camiseta pintada no corpo, os caras do NX Zero totalmente sem roupa, Fernanda Lima grávida, Paulo Coelho mafioso, Faustão sentado num trono, Rita Lee em versão "gonzo" e o Caetano com uma cara bem esquisita.
Mais do que isso, gosto da revista porque tem crítica. Pra mim funciona como um resumão do mês. Todos sabemos o quanto é difícil, por mais que nos apaixonemos, acompanhar tudo o que se inventa e reinventa em termos de arte. A
RS organiza isso pra mim, mas sempre atribuíndo valor às coisas, seja nos "hots", nas ping-pongs ou nas reportagens em profundidade. Não que eu concorde com tudo o que é dito - aliás, acho que mais discordo do que concordo - mas antes um texto ácido do que um total destemperado.
Outra coisa que eu gosto muito são as listas que periodicamente a revista costuma publicar, do tipo melhores músicas e discos do ano, melhores guitarristas, etc e tal. Geralmente polêmicas, normalmente discutíveis mas sempre educativas, do meu ponto de vista. No ano passado, saiu a das 100 melhores músicas brasileiras de todos os tempos. Um belo termômetro, eu diria.
Claro que a tonalidade é bem diferente de uma
Bravo!, por exemplo.
RS é rock'n roll, é contemporânea, é jovem. É pop. Mas é inteligente. E como se não bastasse, é bonita pra caramba.
Enfim, deixo a dica para os que não conhecem. E quanto à nossa
Exceção, penso que são no mínimo três os aprendizados que a
RS nos deixa:
1) Uma identidade forte, vinculada a uma história, são elementos poderosos em uma publicação;
2) Quando se fala em revista, ninguém quer saber de "release". Quer-se saber de crítica, de uma abordagem aprofundada;
3) Criatividade e beleza nunca são demais.
OBS. Segundo o site oficial, a Rolling Stone está presente em cerca de 30 países e atinge mais de 12 milhões de leitores. No Brasil, circula pela Spring Publicações.