19 de agosto de 2010

Por que gosto da Rolling Stone

Começa pelo seguinte: tem história e identidade - e as duas coisas se entrelaçam. Pra quem não sabe, foi lançada no final dos anos 60 nos Estados Unidos, e desde então repercute e discute a cultura popular a nível internacional. O epicentro é a música, mas as ramificações são inúmeras: cinema, televisão, moda, política, literatura, comportamento. A revista foi referência para a contracultura e toda uma geração de músicos que ascendeu publicamente durante aquela época. Para uma banda de rock em plenos anos 70, sair na capa da RS era como que elevar-se a um novo patamar - o filme Quase Famosos, do Cameron Crowe, mostra precisamente isso.

Talvez seja essa história que tenha permitido a revista encontrar uma identidade que a engrandece até hoje. A capa, sobre a qual falava há pouco, é um dos traços identitários mais fortes. A imagem é sempre uma frontal de uma figura popular tarimbada. No Brasil, onde é produzida uma versão que circula há alguns anos, já saíram cliques impagáveis: Grazi Massafera com uma camiseta pintada no corpo, os caras do NX Zero totalmente sem roupa, Fernanda Lima grávida, Paulo Coelho mafioso, Faustão sentado num trono, Rita Lee em versão "gonzo" e o Caetano com uma cara bem esquisita.

Mais do que isso, gosto da revista porque tem crítica. Pra mim funciona como um resumão do mês. Todos sabemos o quanto é difícil, por mais que nos apaixonemos, acompanhar tudo o que se inventa e reinventa em termos de arte. A RS organiza isso pra mim, mas sempre atribuíndo valor às coisas, seja nos "hots", nas ping-pongs ou nas reportagens em profundidade. Não que eu concorde com tudo o que é dito - aliás, acho que mais discordo do que concordo - mas antes um texto ácido do que um total destemperado.

Outra coisa que eu gosto muito são as listas que periodicamente a revista costuma publicar, do tipo melhores músicas e discos do ano, melhores guitarristas, etc e tal. Geralmente polêmicas, normalmente discutíveis mas sempre educativas, do meu ponto de vista. No ano passado, saiu a das 100 melhores músicas brasileiras de todos os tempos. Um belo termômetro, eu diria.

Claro que a tonalidade é bem diferente de uma Bravo!, por exemplo. RS é rock'n roll, é contemporânea, é jovem. É pop. Mas é inteligente. E como se não bastasse, é bonita pra caramba.

Enfim, deixo a dica para os que não conhecem. E quanto à nossa Exceção, penso que são no mínimo três os aprendizados que a RS nos deixa:

1) Uma identidade forte, vinculada a uma história, são elementos poderosos em uma publicação;

2) Quando se fala em revista, ninguém quer saber de "release". Quer-se saber de crítica, de uma abordagem aprofundada;

3) Criatividade e beleza nunca são demais.
OBS. Segundo o site oficial, a Rolling Stone está presente em cerca de 30 países e atinge mais de 12 milhões de leitores. No Brasil, circula pela Spring Publicações.

4 comentários:

Anônimo disse...

Por falar em identidade e criatividade, olha a capa da última edição. http://oglobo.globo.com/cultura/revistadatv/mat/2010/08/17/astros-de-true-blood-posam-nus-cobertos-de-sangue-para-capa-da-rolling-stone-917414005.asp

Apesar de não ter um frequente contato com a RS, pelo que já vi, ela é f#@%!

Henrique disse...

Rolling Stone é muito boa. Só não compro mais seguidamente porque não tenho tempo para ler. Me prestei até a comprar uma edição americana dela, e posso dizer que a nossa não perde para nada. Aliás, são muito parecidas.

Lua Rodrigues disse...

Esta questão das capas é bem verdade! Eu posso até não ter lido as matérias, mas me lembro direitinho da Grazi com a camiseta pintada no corpo (linda, aliás) e a da Fernanda Lima de barrigão também. Conquistar pela capa é uma grande sacada!

Willian disse...

Oh, e como esquecer das capas famosas da edição estrangeira, como aquela do John Lennon com a Yoko Ono.

A Rolling Stone é sensacional na parte gráfica.