21 de outubro de 2014

A morte por si só

Não é um tema extremamente inovador e tampouco inusitado. A morte, que carrega o título de certeza absoluta de nossas vidas, é um assunto que, em alguns, causa furor, enquanto que em outros, nem faz cócegas. No meu caso, confesso: fiquei em cima do muro. Ao mesmo tempo em que queria entrar de cabeça no tema proposto para a minha reportagem, permaneci um pouco receosa no início com as descobertas futuras. Afinal, contar a história de quem prepara corpos para a despedida derradeira da ânsia de viver não é uma tarefa das mais fáceis.

Conheci o Julio através de indicações. Uma conversa aqui, outra lá e tcharãm; descobri um homem íntegro e muito gente boa. Nos encontramos em aluns momentos e conversamos por horas a fio. Quando eu pensava que estava quase acabando, alguma pergunta me surgia ou ele logo contava algum "causo" pessoal. Empurrado desde cedo para a vida de agente funerário, Julio encarnou o fardo para o qual foi destinado sem reclamações e muito menos frescuras. Fez o que tinha que ser feito. Atualmente, ele supera as adversidades da profissão pouco valorizada - como o afastamento da família e os horários inusitados - para dar um fim de vida digno a todos que o procuram.

Sem poupar detalhes (a repórter aqui encheu o saco para que tudo fosse contado tim-tim por tim-tim), Julio abriu a janela do seu passado para mim e revelou detalhes extremamente perturbantes de sua trajetória na carreira. Quando pensei que nada mais bizarro pudesse vir à tona, ele surgia com outra história mirabolante sobre sua vida pessoal. Experiente no ramo, ele defende que o controle emocional e a "dureza" dos sentimentos são requisitos essenciais para quem quer seguir a carreira de agente funerário. Além disso, algumas pitadas de paciência e sangue frio também são necessárias.

Nesta reportagem, espero poder representar o espírito de Julio assim como ele me foi apresentado: puro, honesto e de coração aberto. Não vejo a hora de ver tudo diagramado, organizado e prontinho para chegar nas mãos dos leitores. Torço para que a cada página virada, alguma história interessante marque aqueles que as estão lendo. Está quase lá, minha gente. Falta pouco!

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