24 de outubro de 2008

Em busca de um tesouro


Não estranhe o título, mas estou realmente em busca de um tesouro. Talvez para alguns esse tesouro não valha nada, mas para Dona Ondina era tudo o que ela tinha. Suas roupas, suas jóias, seus valiosos cadernos de anotação. Lembranças de uma vida representadas por objetos materiais. Seu cheiro nas roupas, seu gosto por determinadas cores. Sua memória e lucidez eternizadas em suas anotações.

A morte de Ondina tornou tudo mais difícil: voltar à matéria, reescreve-la e agora produzir as imagens de sua matéria. É necessário muito mais sensibilidade, uma vez que, agora estamos trabalhando com uma fonte que está morta e mais, que morreu a pouco tempo. A minha busca foi de ir atrás de suas coisas, para fotografá-las, inseri-las de alguma forma no corpo da matéria. Mas com a morte de Ondina, onde estariam esses objetos, com quem?

Após inúmeras tentativas falhas o telefone atende. Converso com Paula, que fora a assistente social de Ondina nos seus últimos meses de vida. Questiono sobre os pertences da senhora, e ela me responde, para meu alívio, que estão todas as coisas guardadas. Ondina não tinha parentes, então não havia para quem repassar as coisas e em vida ela nunca falou nada sobre isso, assim Paula acreditou que era melhor guardar, para minha salvação.

Com o tesouro assegurado e muito bem guardado, marquei um dia para realizar as fotos, e logo após liguei para a fotógrafa. Agora o que acontecerá quando eu voltar ao quarto que era de Ondina e encontra-lo vazio, o que sentirei ao ver os objetos dela, só no dia das fotos eu saberei, assim que souber, virei aqui para contar.

2 comentários:

Ana Flávia Hantt disse...

Boa sorte, Sancler!

Sancler Ebert disse...

Muito obrigado Ana!! Porque vou precisar...