3 de novembro de 2014

Casamento perfeito

Sou uma completa apaixonada por revistas. Também pudera, desde criança estive cercada por elas. Na adolescência, quando já havia decidido ser jornalista, me apaixonei também por uma forma diferente de narrativa que encontrava apenas na literatura. Agora, ao produzir minha monografia na área, percebo a mais perfeita sintonia entre os dois mundos - jornalismo e literatura - em um só lugar: na revista.

Ao pesquisar os mais diversos autores, que têm sido meus companheiros nas madrugadas de produção científica, algumas citações me chamaram atenção. Também em sua monografia, realizada em 2011, Angélica Weise disse que "o jornalismo literário, além de trazer as informações completas, somadas a uma boa narrativa escrita, proporciona ao leitor uma visão mais ampla do acontecimento. Nesse contexto, o jornalismo literário vai além da abrangência dos fatos e, sim, ultrapassa os limites das informações." Paremos para pensar. Onde é possível encontrar muita informação e, ainda por cima, uma riqueza narrativa escrita? Sim, na revista.

Sergio Vilas Boas já havia tocado neste ponto em 1996, quando salientou que “o importante é passar a informação de um modo sedutor e, principalmente, não confundir. É descobrir a melhor forma de apresentar a matéria que o jornal e a TV já deram. Este é um grande desafio. Como na literatura, é preciso de inspiração para escrever em revista, sem perder de vista, é claro, o estilo jornalístico.”Ah, e como há sedução. Como é preciso inspiração. Informação. Ação.

Na revista, o namoro entre o jornalismo e a literatura fica mais explícito do que nunca. O casal, que há anos - eu diria, décadas, quem sabe com o surgimento do New Journalism - deixou de paquerar no portão prova que para ter um relacionamento bem sucedido não é preciso apostar nas semelhanças e sim viver intensamente com as diferenças. Afinal, é a subjetividade da literatura que complementa a objetividade do jornalismo. Um casamento perfeito.

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