27 de agosto de 2011

“Escutadeira” da realidade

Escutadeira. É assim que uma das repórteres mais premiadas do Brasil se define. Eliane Brum não é só uma jornalista. É também uma escutadeira da realidade que aposta nas possibilidades do olhar e da escuta como principais armas de apuração. Atualmente, meu livro de cabeceira – que é também uma das bibliografias recomendadas pela disciplina – é um dos títulos de Eliane. Depois de me aventurar em “O Olho da Rua”, “A Vida que Ninguém Vê” e, recentemente, “Uma Duas”, estou devorando “O Avesso da Lenda”, a história que conta o lado B da Coluna Prestes.

A nós acadêmicos - que estamos nos preparando para fazer bonito na Exceção - o livro é uma verdadeira aula de texto e apuração. Até quem não se interessa pela história do Brasil (o que não é meu caso) consegue ser cativado pelo texto da Eliane. A repórter ficou de janeiro até o final de fevereiro de 1993 percorrendo 50 cidades em 15 estados brasileiros para recontar a história da trajetória dos valentes que reviraram o Brasil pela gana de derrubar o governo na década de 1920. Em seis cadernos, a reportagem foi publicada em Zero Hora de 30 de janeiro à 4 de fevereiro de 1994.

Cada detalhe dos personagens dessa história é levado em conta em um texto cheio de fôlego, que leva o leitor até a fonte de forma instantânea. O modo com que a história é apresentada nos enche de inspiração e nos oferece um pouco do universo encantador da reportagem em profundidade. Abaixo, segue um vídeo que encontrei no Youtube onde a autora fala sobre o seu modo de apuração. No depoimento ela conta por que acha que perguntas também são uma forma de controle e confessa que não vê diferenças no modo de apuração para matérias de jornal e revista. Vale a pena dar uma espiada!



Um comentário:

Demétrio de Azeredo Soster disse...

Pôxa, Jeniffer, que legal seu post! De fato, essa matéria é um marco no jornalismo gaúcho e brasileiro. Uma coisa que pouca gente sabe, e que compõe a matéria, é que, depois de pronta, e apesar de todo o trabalho que deu para fazê-la (o repórter Mauro Vieira, por exemplo, adoeceu e teve de ser substituído em plena viagem, no Norte do País), o texto ficou na gaveta por quase um ano, por questões que me fogem à memória. Parabéns, menina; continue!