29 de junho de 2011

"A cura que vem do além" (trecho)

[...] "Ao final da operação o doutor levanta a cabeça à procura de alguém na multidão. Eu ali refugiada entre duas macas fazendo algumas anotações, fingo não perceber que ele está a minha procura. Enfio ainda mais a cabeça dentro da agenda na esperança de não ser reconhecida. Sem sucesso. Um dos seus auxiliares me pega pela mão e me conduz até ele. Eram poucos passos que nos separavam, uns 10, 12 talvez. Enquanto caminhava ia formulando algumas desculpas na mente.

-Mas eu estou bem, doutor. Não me sinto mal. Não gostaria de ser operada, muito menos gosto de ver sangue, principalmente, se o sangue for o meu!

Acabam os passos e lá estou eu, frente a frente com o charqueador (reforçando a triste coincidência de o galpão estar localizado na Volta da Charqueada) e todas as frases ensaiadas ficam presas dentro da boca. Gelei, do dedão do pé até o último fio de cabelo" [...]

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