10 de maio de 2011

Sobre fontes, canetas e furos

Se existe algo extremamente importante para um bom texto - principalmente se este for para revista -, é ter um bom personagem. E só quem se desespera (leia-se: eu, quem vos escreve) atrás de várias fontes para achar aquele um que tenha um "quê" a mais, sabe o quanto isso é complicado.

Eis que, no auge do desenvolvimento da minha reportagem, acho um personagem incrível. Sarcasticamente, irei chamá-lo de Sr. Incrível. Afinal, a fonte acabou sendo tão enrolada que passei a tratar sua identidade como segredo de Estado. Uma fonte confidencial, digamos assim.

Data, local e horário agendados. Anotações, questões, dúvidas, perguntas, bloco de notas, canetas (três, no mínimo. Número exato para o caso de uma não funcionar e outra se perder), gravador e câmera digital. "Não tem falha!", pensei.

Pensei e errei.

Estava tudo ok, exceto o fato do Sr. Incrível não aparecer no local determinado. Esperei 15 minutos, "vai ver ele atrasou um pouquinho". Mais quinze se passaram, e mais quinze... somavam-se, então, 45 minutos. E assim foi-se a minha tarde de "folga". Sem gravação, sem conversa, sem canetas perdidas.

Mas, como diria a banda Strike: O mundo gira e bota sempre tudo no lugar. Outras fontes, obviamente, vieram. Assim como veio o dia em que, subitamente - num desses corredores da vida - me encontro com o Sr. Incrível. Sem saber onde enfiar a cara, veio com o típico papo de quem não havia ensaiado uma desculpa convincente.

- Oi, Jo. Bá... desculpe por aquele dia. Nem lembro, acho que estava doente, e meu celular estava sem bateria, ia te ligar e tudo... Mas, sabe né... Acontece.

- Claro, eu entendo. Nem esquenta quanto a isso.

Como se já não bastasse o furo (que, infelizmente, não foi de reportagem #trocadilhobesta), o Sr. Incrível ainda teve a coragem de me pedir uma lista de Referências Bibliográficas que havia usado, há muito, em algum trabalho acadêmico. Já que não sou de guardar rancor das pessoas, prontamente entreguei meu "pendrive acadêmico" - como gosto de chamá-lo - para que pudesse fazer uma cópia da tal lista. Ao devolver-me, já no final da noite, mais um pedido de desculpas:

- Brigadão, Jo. E, sobre aquela entrevista, desculpe mesmo. Se tu quiser remarcar...

- Não, não. Mas, se tu quiser me fazer um favor, eu aceito.

- Claro, fala aí.

- Leia a Exceção, quando ela sair. - Concluí com um sorriso mais sarcástico que amigável - E vê lá o quanto a tua colaboração, nem sequer, fez falta. - claro, guardei para mim essa última parte.

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