(Para compartilhar um pouco do dilema que eu e a minha
colega da reportagem sobre a ditadura, Josiane Goetze, vivemos nos últimos
dias)
O assunto é delicado. Chocante. Triste. Sério. O assunto
precisa ser abordado.
A reportagem deve ser atraente, detalhada, em profundidade.
Mas não pode ser sensacionalista.
Precisamos dar detalhes.
Quando o case é uma vítima de tortura, obter detalhes
significar remexer uma ferida.
Não podemos invadir a privacidade, nem machucar ninguém. Não
queremos que os pesadelos voltem.
Queremos escrever. Contar a história. Mostrar o exemplo de
superação. Acima de tudo, valorizar a história de quem nos fala. Queremos passar a emoção que sentimos.
Precisamos de mais fontes. Temos fontes de mais. Podemos
cortar? Faremos mais uma entrevista? Podemos perguntar de novo? Precisamos
confirmar. Temos que procurar o outro lado da história.
É preciso ter sensibilidade. É preciso saber o limite. É
preciso saber ir além. É preciso ter coragem. É preciso feeling. É preciso ter
vontade de (re)escrever. E paciência.
Por fim, é preciso cortar. A reportagem extrapolou o limite
de caracteres. E muito.
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