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Foi como levar um soco no estômago. A sensação ao sair da exposição "Onde a esperança se refugiou", na terça-feira, 30 de abril, foi um misto de angústia, dor, tristeza e muita revolta. O mal-estar que deixou a mim e a Josi Goezte sem palavras tem haver com um ferida, com uma fenda na história brasileira, com um período da história da América Latina.
Foi como levar um soco no estômago. A sensação ao sair da exposição "Onde a esperança se refugiou", na terça-feira, 30 de abril, foi um misto de angústia, dor, tristeza e muita revolta. O mal-estar que deixou a mim e a Josi Goezte sem palavras tem haver com um ferida, com uma fenda na história brasileira, com um período da história da América Latina.
Fotos e sons originais na época estabelecem clima de tensão. Como não se arrepiar? |
A ditadura militar e os seus sons - pauta da nossa matéria para a Exceção - apresentaram-se para nós da forma mais completa possível na mostra sediada na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. A exposição multimídia reúne fotos, depoimentos inéditos sobre a ditadura, documentos oficiais do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e os rostos de 366 vítimas do regime militar.
O choque ao encontrar o próprio rosto refletido no espelho em meio às vítimas do regime militar |
Se as imagens já impactam, a trilha sonora presente nos cinco eixos da exposição é, sem dúvida, o grande diferencial. A atmosfera de tensão percorre toda a mostra: sons de sirene do carro de polícia, trechos de discursos dos militares, gritos nas manifestações contra a repressão...É como se estivéssemos nas ruas, há mais de 40 anos. É como se estivéssemos presos. É como se víssemos nossos amigos e colegas mortos. É como se fôssemos impedidos de pronunciar qualquer palavra.
Por fim, a certeza de que a verdade e a luta devem permanecer |
Ao sair, elogiamos a exposição multimídia para os recepcionistas. Saiu um "Está muito legal". Mas, a palavra não era "legal". Sequer sabíamos como definir o que estávamos sentindo...
O que soubemos naquele momento, reafirmamos agora e nos esforçamos para que possa ser dito com a maior ênfase possível na matéria que estamos produzindo para a Exceção. O que sentimos naquele momento e temos a obrigação de mostrar como futuros jornalistas é que essa história faz parte da história de cada um de nós. Mais do que isso: que cada um de nós tem o dever de manter viva a memória desse período para que isso nunca mais se repita. É só assim que declarações absurdas, como as de Lobão, divulgadas nesta semana, não sejam pronunciadas. Nunca mais.
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