11 de dezembro de 2011

Muito além de New York, New York


A disciplina de Jornalismo de Revista, além de produzir a Exceção, foi uma grande oportunidade para eu conhecer jornalistas, livros e escritores que até então não faziam parte do meu cotidiano. Claro, mesmo sabendo que Gay Talese fora um dos pioneiros do chamado “new journalism”, ainda não tinha lido nada do cara.

Bom, nesse fim de semana li algo muito maior que uma reportagem qualquer. Digo muito maior porque o texto “Frank Sinatra está resfriado” é uma coisa incrível. É uma reportagem de mais de 50 páginas publicada em 1965 no revista Esquire e, mais tarde, no livro Fama e Anonimato.

Ele conseguiu fazer o perfil de um dos maiores cantores da época sem ao menos trocar um “olá” com ele. Ao todo, Gay Talese entrevistou mais de 100 pessoas que tinham algum tipo de relação com Frank Sinatra e, somada às suas próprias impressões do artista, escreveu um dos maiores clássicos do jornalismo.

Mas o mais interessante é que essa matéria só foi possível porque realmente Frank Sinatra estava resfriado e esse foi um dos motivos pelo qual Talese não conseguiu a entrevista com o próprio. Quer dizer, foi a partir da negativa do artista que o jornalista conseguiu seu maior feito. Gay Talese não apenas entrevistou dezenas de pessoas, mas ele observou muito, ouviu muito e colocou tudo no papel. Para mim, o texto tem muito mais impressões e observações do próprio jornalista, do que o relato das fontes.

Na matéria, ele traz detalhes até então desconhecidos do público e revela situações do homem/artista muito além da música New York, New York, essa mundialmente conhecida.

Amanhã, 12 de dezembro, Frank Sinatra, o cerne da matéria de Gay Talese, estaria completando 96 anos. Coincidência ou não, dia da nossa última aula de Jornalismo de Revista. Que bom que foi com essa grande reportagem que encerramos um grande semestre. Daqui a pouco estaremos todos com a Exceção nas mãos. Ficarei feliz de comprovar que nela estarão grandes matérias, surgidas algumas a partir de negativas dos entrevistados e costuradas pela liberdade literária e sem igual que o jornalismo de revista possibilita.

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